
Como típica paulistana, essa também sempre foi minha tendência. Vivia diariamente num ritmo frenético, fazendo cursos e mais cursos, trabalhando, enchendo-me de atividades, até que senti na pele (ou mais especificamente no estômago) os resultados de minha intemperança. Com uma esofagite diagnosticada, como conseqüência do estresse, de repente me vi obrigada a mudar urgentemente meu estilo de vida - ou eu dava um jeito nele ou ele dava um jeito em mim. Preferi optar pela primeira opção antes que fosse tarde demais. É claro que não foi fácil abrir mão de certas coisas, como meu curso de pós-graduação em tradução na USP e outras atividades que me pareciam essenciais naquele momento. Mas, sem dúvida nenhuma, foi a melhor escolha.
Hoje, apesar de estar longe da loucura de São Paulo, ainda sou muitas vezes tentada a retomar a rotina agitada de antes. Como é fácil não ter tempo para nada – para o descanso, para os amigos, para a família e, principalmente, para Deus... Quando me dou conta, minha vida está uma bagunça e, mais uma vez, sou obrigada a parar, respirar fundo, refletir e reorganizar minhas prioridades. Você já viu essa história antes?
É nessas horas que lembro de Jesus – uma celebridade, que vivia cercada de multidões, mas sempre tinha tempo para o que havia de mais importante na vida. Mesmo após se tornar “um homem púbico, uma estrela social”, o Mestre dos Mestres conseguiu preservar a simplicidade e a sensibilidade. Nada lhe passava desapercebido – os lírios do campo, as criancinhas, os pássaros, enfim, tudo que havia de mais belo na natureza física e na natureza humana era alvo de Sua contemplação. Contemplar o belo – essa era a sua especialidade. E o mais incrível: “Pelas dificuldades da vida e pelos estímulos estressantes que atravessou, era de se esperar que desenvolvesse uma personalidade ansiosa, irritada, intolerante. Mas quando abriu a boca ao mundo, nunca se viu alguém tão dócil e sereno” (Ibidem, p. 63).
Não seria maravilhoso ser como Jesus? Conseguir contemplar a beleza das coisas mais simples, ter tempo para dar amor e atenção para as pessoas à sua volta, ser dono de si mesmo em grandes focos de tensão, sentir e transmitir paz apesar das situações estressantes do dia-a-dia? Você gostaria de ter essa qualidade de vida? Então preste atenção no segredo de Jesus:
“Sua felicidade encontrava-se nas horas em que estava a sós com Deus e a Natureza. Sempre que Lhe era concedido esse privilégio, afastava-Se do cenário de Seus labores, e ia para o campo, a meditar nos verdes vales, a entreter comunhão com Deus na encosta da montanha ou entre as árvores da floresta. O alvorecer freqüentemente O encontrava em qualquer lugar retirado, meditando, examinando as Escrituras, ou em oração” (Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, p. 62). (Veja também Mateus 14:23).
Parece mágica, mas, quando temos tempo para Deus, tudo muda. Nosso tempo se organiza e até se multiplica. Passamos a ter mais tempo para amar, observar, refletir, descansar. O dia é mais produtivo. Sentimo-nos mais alegres, tranqüilos e capazes de lidar com os problemas. É fantástico! Só mesmo experimentando para entender...
E, por falar nisso, você já fez sua “hora tranqüila” hoje?
Marily Sales dos Reis