quarta-feira, março 21, 2007

Abrindo o jogo

Depois de enfrentar uma profunda dor emocional é que pude me conhecer mais e descobrir um obstáculo enorme que havia entre mim e Deus: a desonestidade em relação aos meus sentimentos.

Acredito que ser honesto com o Criador é uma das coisas mais importantes que precisamos desenvolver na nossa relação com Ele. É difícil falar com Jesus no final do dia reconhecendo: “Senhor, hoje fui egoísta e não tratei o meu colega de trabalho como deveria”; “Deus, ajudei a falar mal dos outros”; “Senhor, agora há pouco tive pensamentos de adultério”...

Tente contar ao Senhor os últimos pensamentos pecaminosos que teve poucos minutos atrás e perceba que não é algo tão simples. Temos a tendência natural de fugir daquilo que nos causa dor e desconforto. Tanto que, numa sessão de terapia, quando um bom psicólogo nos ajuda a perceber que TEMOS problemas ou que SOMOS o problema, nos defendemos do “ataque” que foi feito “contra” o EU “fugindo” do tratamento. É por isso que, dependendo da gravidade do problema emocional, a medicação recomendada por um psiquiatra é importante inicialmente para amenizar o desconforto, causado pelos “fantasmas” do passado. Assim, a psicoterapia poderá continuar.

O mesmo acontece em nosso relacionamento com Deus. Jesus é o Psicólogo Supremo e, se não aprendermos a bater de frente com nossos problemas e não encararmos o passado que “nos assombra”, JAMAIS receberemos a cura. Cristo está no Seu consultório particular a nossa espera: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Filipenses 4:6).

Por que contar a Jesus aquilo que Ele já sabe?

A partir do momento que somos honestos em relação às nossas emoções e não tentamos mascarar os nossos defeitos, aprendemos a ser honestos com Deus e falamos com Ele daquilo que REALMENTE somos. Falar com Ele sobre os nossos sentimentos, sejam eles bons ou ruins, faz com que nos conheçamos mais e dá a Deus a permissão de atuar no íntimo de nossa mente.

E, quando nos encontramos com Jesus no Seu consultório, vamos sentir desconforto por Ele mostrar o que precisamos mudar para recebermos a CURA emocional e a vitória sobre o pecado.

Mas, assim como um psiquiatra, Ele tem uma medicação que diminui o nosso desconforto, para que voltemos mais vezes à terapia: o Espírito Santo. Romanos 8:26 afirma que Ele ajuda o ser humano a orar, e Judas 1:20 mostra o quanto esse Médico Divino está intimamente ligado àqueles que fazem uma prece. O Espírito de Deus atua na mente, lembrando-nos de que temos muito valor e que Deus nos ama e aceita do jeito que somos (Apocalipse 1:5).

Sentir-se AMADO e aceito (a nossa pessoa e não nossos pecados) por Deus é o que nos motivará a falar mais vezes com Cristo sobre os nossos traumas, para que sejamos curados. “... Porque o amor é o princípio da ação e modifica o caráter, governa os impulsos, controla as paixões, submete inimizades, e eleva e enobrece as afeições” (Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, p. 205).

Precisamos aceitar o fato de que NÃO PODEMOS MUDAR A NÓS MESMOS. Tentar ser uma pessoa melhor sem a ajuda de um Poder Superior fará da vida uma fonte de ansiedade e desgosto. Quando fazemos uso da preceterapia, fazemos um tratamento com o Criador de nossas emoções e estamos reconhecendo que precisamos dEle para ser melhores. Estamos dando-Lhe licença para nos transformar.

Não dedique ao EU mais tempo do que ele merece

Com uma “simples” pergunta em Jeremias 4:14, Deus nos ensina que, apesar de sermos impotentes para lutar contra o EU, há uma parte a desempenharmos em nossa busca pela saúde emocional: gerenciar os pensamentos. “... Até quando hospedarás contigo os teus maus pensamentos?” E não poderia ser diferente, pois todo milagre é o resultado da combinação do poder divino com a atitude humana (parafraseando Ellen G. White. Confira esse princípio em João 9:6, 7).

O autoconhecimento é fundamental para que aprendamos a ser honestos conosco e com Deus e, assim, apresentemos a Ele nossas reais necessidades. Mas lhe dou um conselho: não dirija suas atenções apenas para dentro de si, pois irá se desanimar: “Não é sábio olhar-nos a nós mesmos e estudar nossas emoções. Se assim fazemos, o inimigo apresentará dificuldades e tentações que enfraquecerão a fé e destruirão o ânimo. Estudar atentamente nossas emoções e dar curso aos sentimentos é entreter a dúvida e enredar-nos em perplexidades. Devemos desviar os olhos do próprio eu para Jesus” (Ellen White, Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 760).

Não perca tempo martirizando-se por causa de suas imperfeições. Contemple a perfeição de Jesus que, pela fé, é transferida a você (Zacarias 3). Ame-se sendo honesto consigo e aprenderá a ser honesto também com Deus. O resultado será uma mente serena e equilibrada, fruto de um relacionamento TRANSPARENTE com Ele.

Leandro Quadros, jornalista, consultor bíblico, conselheiro espiritual e apresentador da rede adventista de TV Novo Tempo e mantenedor do blog http://blog.leandroquadros.com/