sexta-feira, novembro 10, 2006

Diferenças

Mahatma Gandhi, líder hindu, afirmou que "orar não é pedir. Orar é a respiração da alma. Como o corpo que se lava não fica sujo, sem oração se torna impuro". O apóstolo Paulo foi direto ao ponto e definiu, inspirado por Deus, que o melhor é "orar sem cessar" (I Tessalonicenses 5:17). A oração, essência da comunhão divina, é uma luta diária do cristão bíblico por dedicação de tempo tanto em qualidade como em quantidade.

Ano de 2006. Em uma grande cidade um rico empresário acorda às 6 horas para mais um dia de intenso trabalho em uma das maiores corporações do planeta. Mentalmente, ele já sabe que terá diversas reuniões de negócios agendadas, milhares de tarefas a desempenhar, ordens a serem dadas aos subordinados e um mundo financeiro a gerenciar.

Séculos atrás. Na antiga região do Oriente Médio, um homem humilde acorda de madrugada para mais um dia de intenso trabalho em uma das mais importantes atividades de todos os tempos. Mentalmente, ele já sabe que terá diversos encontros com doentes, desanimados, desesperados, deprimidos, invejosos e inimigos, dará milhares de orientações e falará de Deus milhares de vezes. Ele tem um mundo a ensinar espiritualmente.

Ano de 2006. O rico e atarefado empresário toma o desjejum rapidamente, lê notícias no seu notebook pela internet e segue para o trabalho. Só deu tempo de ajeitar o paletó para a primeira reunião marcada às 8 horas. Nem viu seus filhos saírem para o colégio. Muito menos a esposa.

Séculos atrás. O pobre e atarefado líder medita com Deus acerca do dia que terá à frente. Só então se sente apto a iniciar o dia de trabalho.

Ano de 2006. Depois de um dia de muitas tribulações, o empresário retorna para casa e continua trabalhando. Permanece envolvido com as atividades de sua corporação até finalmente não ter mais forças físicas, já por volta das duas horas da manhã, quando então adormece e somente então desliga o telefone celular e todos os outros equipamentos que o mantêm conectado ao ambiente empresarial. Dorme vestido com seu terno mesmo.

Séculos atrás. Depois de um dia cheio, em que participou da multiplicação de pães e peixes para uma faminta multidão que o escutava, entre outras atividades, o líder entra no barco com seus discípulos mais próximos, despede a multidão e sobe ao monte para orar sozinho à parte.

A questão da comunhão está ligada diretamente à necessidade de dedicar tempo ao que consideramos de maior importância. Sem desculpas por vivermos em tempos modernos, quando a velocidade é justificativa para todo o tipo de ato impensado e irrefletido. Se entendermos que o relacionamento com Deus é valioso, então teremos tempo para isso. E tempo de qualidade. Jesus é o grande exemplo de como ter uma comunhão qualificada.

Cristo ensinou que não precisamos de repetições cansativas, orações formais que cumprem regras litúrgicas, nem inúmeros pedidos por futilidades. Ensinou, sim, que a oração é a ciência de aproximação com Deus, não porque Ele precise nos conhecer, mas porque precisamos conhecê-Lo profundamente. Antes mesmo de pensarmos em algo que julgamos necessário a nossa vida, Deus já sabe dessa necessidade e vai atendê-la conforme Sua santa e perfeita vontade.

Tome tempo para ler vários trechos dos evangelhos que mencionam os momentos em que Jesus estava falando de oração ou mesmo orando. E pense nesses instantes como momentos de poder em que Cristo se colocava inteiramente nas mãos divinas para ser um instrumento. Não há um segredo impressionante para o sucesso espiritual de Sua missão, que Jesus estivesse escondendo a sete chaves. De joelhos dobrados, Ele foi vitorioso. E a promessa é que também temos esse poder à disposição. Ou será que estamos muito ocupados para ouvir a voz divina?

Felipe Lemos, jornalista, mantenedor do blog Realidade em Foco (www.felipelemos.blogspot.com), comentarista da Rede Novo Tempo de Rádio e colaborador da Revista Adventista.

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