terça-feira, novembro 14, 2006

Não se preocupe...

Outro dia, eu estava ansiosa por causa de um problema, quando li o seguinte pensamento: "A preocupação não põe fim aos problemas de amanhã; apenas mina a força que temos hoje". Que puxão de orelha!

Por que será que gastamos tanto tempo, tanta energia, tantos neurônios com preocupações? Não seria muito melhor se seguíssemos o conselho do grande Mestre? "Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir (...). Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal." (Mateus 6:25, 33, 34; NVI).

É óbvio que isso não significa largar mão dos planos, dos sonhos e do esforço pessoal. Afinal, como a Palavra de Deus também diz, devemos fazer sempre o máximo possível (Eclesiastes 9:10). Mas, note, apenas o máximo possível. Certas coisas simplesmente não estão ao nosso alcance. Só Deus pode realizá-las.

Isso é confiar em Deus: ficar tranqüilo mesmo quando estamos com problemas, dúvidas ou expectativas. Quer ver um exemplo bem prático disso? Clique aqui.

Que Deus o ajude a descansar hoje nos Seus braços e desfrutar da paz que só Ele pode dar!

Um grande abraço.

Marily Sales dos Reis

sexta-feira, novembro 10, 2006

Diferenças

Mahatma Gandhi, líder hindu, afirmou que "orar não é pedir. Orar é a respiração da alma. Como o corpo que se lava não fica sujo, sem oração se torna impuro". O apóstolo Paulo foi direto ao ponto e definiu, inspirado por Deus, que o melhor é "orar sem cessar" (I Tessalonicenses 5:17). A oração, essência da comunhão divina, é uma luta diária do cristão bíblico por dedicação de tempo tanto em qualidade como em quantidade.

Ano de 2006. Em uma grande cidade um rico empresário acorda às 6 horas para mais um dia de intenso trabalho em uma das maiores corporações do planeta. Mentalmente, ele já sabe que terá diversas reuniões de negócios agendadas, milhares de tarefas a desempenhar, ordens a serem dadas aos subordinados e um mundo financeiro a gerenciar.

Séculos atrás. Na antiga região do Oriente Médio, um homem humilde acorda de madrugada para mais um dia de intenso trabalho em uma das mais importantes atividades de todos os tempos. Mentalmente, ele já sabe que terá diversos encontros com doentes, desanimados, desesperados, deprimidos, invejosos e inimigos, dará milhares de orientações e falará de Deus milhares de vezes. Ele tem um mundo a ensinar espiritualmente.

Ano de 2006. O rico e atarefado empresário toma o desjejum rapidamente, lê notícias no seu notebook pela internet e segue para o trabalho. Só deu tempo de ajeitar o paletó para a primeira reunião marcada às 8 horas. Nem viu seus filhos saírem para o colégio. Muito menos a esposa.

Séculos atrás. O pobre e atarefado líder medita com Deus acerca do dia que terá à frente. Só então se sente apto a iniciar o dia de trabalho.

Ano de 2006. Depois de um dia de muitas tribulações, o empresário retorna para casa e continua trabalhando. Permanece envolvido com as atividades de sua corporação até finalmente não ter mais forças físicas, já por volta das duas horas da manhã, quando então adormece e somente então desliga o telefone celular e todos os outros equipamentos que o mantêm conectado ao ambiente empresarial. Dorme vestido com seu terno mesmo.

Séculos atrás. Depois de um dia cheio, em que participou da multiplicação de pães e peixes para uma faminta multidão que o escutava, entre outras atividades, o líder entra no barco com seus discípulos mais próximos, despede a multidão e sobe ao monte para orar sozinho à parte.

A questão da comunhão está ligada diretamente à necessidade de dedicar tempo ao que consideramos de maior importância. Sem desculpas por vivermos em tempos modernos, quando a velocidade é justificativa para todo o tipo de ato impensado e irrefletido. Se entendermos que o relacionamento com Deus é valioso, então teremos tempo para isso. E tempo de qualidade. Jesus é o grande exemplo de como ter uma comunhão qualificada.

Cristo ensinou que não precisamos de repetições cansativas, orações formais que cumprem regras litúrgicas, nem inúmeros pedidos por futilidades. Ensinou, sim, que a oração é a ciência de aproximação com Deus, não porque Ele precise nos conhecer, mas porque precisamos conhecê-Lo profundamente. Antes mesmo de pensarmos em algo que julgamos necessário a nossa vida, Deus já sabe dessa necessidade e vai atendê-la conforme Sua santa e perfeita vontade.

Tome tempo para ler vários trechos dos evangelhos que mencionam os momentos em que Jesus estava falando de oração ou mesmo orando. E pense nesses instantes como momentos de poder em que Cristo se colocava inteiramente nas mãos divinas para ser um instrumento. Não há um segredo impressionante para o sucesso espiritual de Sua missão, que Jesus estivesse escondendo a sete chaves. De joelhos dobrados, Ele foi vitorioso. E a promessa é que também temos esse poder à disposição. Ou será que estamos muito ocupados para ouvir a voz divina?

Felipe Lemos, jornalista, mantenedor do blog Realidade em Foco (www.felipelemos.blogspot.com), comentarista da Rede Novo Tempo de Rádio e colaborador da Revista Adventista.

quinta-feira, novembro 02, 2006

A força da convivência

Ser jovem nos dias de hoje não é nada fácil. Talvez em nenhuma outra época da história tenha sido tão difícil. As prateleiras dos maus pensamentos e maus hábitos estão cheias e nos aguardando em cada esquina da vida. Não precisamos andar muito para ser desafiados e colocados em prova: ligamos a TV e lá está o “mundão” a nos sugerir (quase impondo) seu estilo de vida; giramos o dial do rádio e (descontando algumas raras estações) só encontramos músicas sem sentido para quem procura viver um estilo de vida cristão; acessamos a internet e, se não formos bastante objetivos, esbarramos em lixo de toda espécie.

De fato, a tentação está aí. Satanás sabe que dispõe de pouquíssimo tempo e está usando suas últimas e mais poderosas “cartas” para enredar o maior número possível de pessoas. Parece até um contra-senso João ter escrito que nós, jovens, somos fortes (ver I João 2:14) quando, na verdade, na maioria das vezes nos sentimos como um mosquito no olho de um furacão.

Mas, ao mesmo tempo em que o sentimento de impotência frente às insinuações do maligno é algo perfeitamente normal para nós – meros mortais dependentes –, é digno de nota o fato de Deus ter registrado nas Escrituras Sagradas a história de jovens que, como todos os demais de todas as épocas, passaram por provas aparentemente impossíveis de ser vencidas.

E, mesmo vivendo em dias tão probantes, temos que admitir que as dificuldades pelas quais alguns jovens da Bíblia passaram excedem em muito àquelas pelas quais passamos. Afinal, o que é um vestibular no sábado, a vontade de usar uma roupa insinuante, uma garota ímpia e sedutora, uma leitura ou filme impróprios e atrativos, um copo de cerveja etc., comparados ao fato de ser separado da família e levado cativo por um povo estranho e pagão, ameaçado de morte numa fornalha ardente, ser tentado por uma jovem mulher casada quando ninguém está olhando... “Ah, mas eles eram jovens santos, especiais”, pode dizer ou pensar alguém. Mas lembre-se: “O que homens fizeram, homens podem fazer.” Eram jovens santos, sim. Mas sujeitos às mesmas tentações e carentes das mesmas necessidades básicas que nós. Qual o segredo deles, então?

A vitória e seus segredos

Se houve um jovem que poderia reclamar do que a vida lhe reservou, esse era José. Era um garoto mimado e “acostumado à ternura dos cuidados de seu pai” (Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 215). Tinha tudo o que queria. Mas um dia a calamidade bateu-lhe à porta. Os irmãos, enciumados, venderam-no a uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade.

No Egito, foi novamente vendido – dessa vez ao oficial do Faraó e capitão da guarda, Potifar. E os problemas de José estavam apenas começando.

Imagine-se naquela situação. Arrancado do lar paterno e levado para uma terra estranha – e como escravo. Mesmo assim, na casa de Potifar, “José não se envergonhava da religião de seus pais, e não fazia esforços para esconder o fato de ser adorador de Jeová” (Ibidem, p. 216).

Esse era o segredo de José: fidelidade a Deus e aos ensinos de seus pais. Mesmo assim, isso não o isentava de problemas. Acusado de assédio pela esposa de Potifar, foi levado ao cárcere (teria sido morto se Potifar acreditasse na esposa infiel). Uma vez mais o jovem hebreu tinha motivos para reclamar de Deus. Mas não. Deixou-se usar por Ele lá na prisão também. Deu bom testemunho mesmo naquela situação difícil. E, tempos depois, reconhecidas suas capacidades e retidão de caráter, o faraó lhe disse: “Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo” (Gênesis 41:40).

Tremenda guinada! De escravo encarcerado a governador. E aí se vê que aquele jovem realmente mantinha uma viva união com o Céu, pois seu caráter “resistiu de modo semelhante à prova da adversidade e da prosperidade” (Ibidem, p. 222). Quando pobre, fez de Deus seu maior tesouro. Quando rico e poderoso, podendo dar lugar à vingança e usufruir de todos os prazeres concebíveis, pensou apenas no bem que poderia fazer ao povo e em como poderia honrar o nome de seu Deus.

Um jovem de valor, fiel em todas as circunstâncias e, no entanto, essencialmente igual a qualquer outro, inclusive a você.

Fidelidade recompensada

Daniel e seus três amigos hebreus viveram momentos semelhantes aos de José. Foram igualmente feitos cativos por um povo pagão, os babilônios. Em Babilônia, foram submetidos às mais diversas tentações e venceram, mesmo em face da morte.

O segredo? “Três vezes ao dia [Daniel] se punha de joelhos, orava e dava graças diante do seu Deus” (Daniel 6:10). Além disso, sabia que “nada há mais apropriado para fortalecer o intelecto do que o estudo das Escrituras” (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 90).

Oração aliada ao estudo da Bíblia. A fórmula é antiga, mas não existe outra. Aqui reside a fonte de poder para vencer o mal. Se essas duas coisas não lhe são espontâneas ou agradáveis, peça a Deus para o ajudar. Lembre-se do jovem Daniel e de que “ele foi brilhante exemplo daquilo que os homens podem chegar a ser quando unidos com o Deus da sabedoria” (Ellen White, Santificação, p. 19).

Ellen White, no livro Mensagens aos Jovens, p. 349, diz ainda que jamais poderemos “conseguir um bom caráter só com o desejá-lo. Isto só poderá ser obtido mediante labor”. Atenção às pequenas coisas, temperança no viver, desviar-se do mal pelo poder de Deus, fazer da Bíblia nossa leitura número um e da oração um hábito prazeroso – eis nosso “labor” diário, o segredo da vitória, se quisermos de fato vencer.

Transformado pela convivência

Quantas vezes nos damos conta de estar falando ou agindo de modo semelhante ao das pessoas com as quais convivemos mais intimamente. Isso é perfeitamente natural. Cônjuges, com o tempo, acabam se assemelhando em muitos aspectos (passei a gostar mais de manga e de animais graças à minha esposa). É o resultado da convivência.

João era um jovem muito nervoso. Fora até apelidado de “Filho do Trovão”. Ai daquele que se atravessasse em seu caminho nos maus dias. Mas quando conheceu a Cristo, algo interessante foi acontecendo. João “se achegava a Jesus, sentava a Seu lado, recostava-se-Lhe ao peito. Assim como a flor sorve o orvalho e a luz, bebia ele da luz e vida divinas. Contemplou o Salvador em adoração e amor, até que a semelhança de Cristo e comunhão com Ele se tornaram seu único desejo, e em seu caráter se refletiu o caráter do Mestre” (Ellen White, Educação, p. 87). De Filho do Trovão a Discípulo do Amor!

Convivência. Essa é a solução para os nossos defeitos de caráter. “Todas as nossas esperanças atuais e futuras dependem de nossa relação com Cristo e com Deus” (Ellen White, Review and Herald, 19 de agosto de 1909). Buscar a vitória sobre o pecado sem a comunhão com Cristo é tentar o impossível. À medida que nos aproximamos de Jesus, vamos sendo paulatinamente transformados à Sua semelhança.

Jovens como Timóteo, Ellen White, Loughborough, Andrews e outros, tiveram também suas duras experiências na vida, mas venceram. Seria redundante mencionar o segredo da vitória deles, pois foi o mesmo de João, Daniel e José: amizade íntima com Cristo.

Lembro-me com tristeza de um jovem chamado William, que ajudei a levar a Cristo. Foi emocionante ver como ele abraçou a verdade de forma tão empolgada. Leu o livro O Grande Conflito em pouco tempo, gostava de fazer a Lição da Escola Sabatina e acompanhar-me em estudos bíblicos. Mas com o tempo algo foi acontecendo. William não tinha mais tanto prazer em assistir aos cultos e voltou a se associar aos antigos amigos “de fora” da Igreja. Como eu fazia faculdade em outra cidade, nos víamos pouco. E William acabou abandonando a Igreja.

Na última vez que nos encontramos, ele me disse o seguinte: “Sinto-me como uma formiga fora do formigueiro.” E ele estava certo. Aqueles que um dia conheceram a verdade e tiveram um vislumbre – por menor que seja – da Pessoa maravilhosa de Jesus e O abandonaram, ainda que não admitam, jamais serão felizes. Devem voltar a Cristo ou, do contrário, serão “formigas fora do formigueiro”.

Se você que está lendo este artigo se sente longe de Cristo (quer esteja na Igreja ou não), lembre-se: seres humanos como você, hoje e no passado, venceram e vencem pela convivência diária com Cristo. Volte-se para Deus agora. Peça-Lhe perdão e forças para vencer. Seja um jovem de valor, pois o Senhor tem grandes planos para você.

Michelson Borges, jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e mantenedor do blog www.michelsonborges.com