sexta-feira, dezembro 19, 2008

Jesus continua de braços abertos

Aos 15 anos de idade, em meio aos conflitos existenciais da adolescência, conheci a Jesus Cristo e Sua maravilhosa mensagem de salvação. Naquela época, eu havia alcançado a tão sonhada liberdade concedida por meus pais para, finalmente, poder sair sozinha com minhas amigas. Eu esperava que isso me trouxesse alegria; no entanto, só me fazia sentir um grande vazio e tremenda frustração.

Certa noite, ao chegar em casa depois de uma festa, deparei-me com uma Bíblia sobre a mesa. Talvez ela sempre estivesse ali, mas naquela noite chamou-me a atenção de uma forma irresistível. Parecia ouvir uma voz a dizer-me: “Aqui está a solução para esse vazio que você sente.” Quando me dei por conta, já a estava lendo, e comecei logo pelo Apocalipse.

O que li me deixou assustada. Ao invés de sentir a paz que tanto desejava, fiquei preocupada com os acontecimentos futuros preditos por aquele livro: pragas sobre a Terra, destruição, terremotos... Não consegui dormir e orei fervorosamente como nunca havia feito antes. Supliquei a Deus para que me ajudasse a entender o significado de tudo aquilo e estar entre Seu povo.

Nas semanas seguintes, aquelas imagens apocalípticas não saíam de minha mente. Passei a ler a Bíblia todos os dias e repetia a mesma oração, pedindo esclarecimento especialmente em relação ao livro da Revelação. E Deus não tardou em responder-me. Cerca de um mês depois, dois adventistas foram à nossa casa e nos ofereceram um curso sobre... o Apocalipse!

Fiquei emocionada e muito feliz ao perceber que Deus realmente estava me ouvindo e Se importava comigo. Meu pai e eu prontamente aceitamos aquele convite e, no sábado seguinte, iniciamos o estudo bíblico. A cada lição eu ficava maravilhada em poder compreender a Palavra de Deus e ver que o Apocalipse, ao contrário do que eu pensava antes, é um livro que traz esperança e conforto às pessoas.

É verdade que, com isso, vieram também as perseguições por parte dos parentes e amigos. Pude ver que o único Amigo verdadeiro que eu tinha era Jesus. Muitos deixaram de falar comigo, e os que ainda mantinham contato não cessavam de ridicularizar minha nova fé. Nesse tempo comecei a perceber que seguir a Cristo implica em carregar uma cruz. Ainda assim, o pior de tudo era a luta contra o meu próprio eu. Entendi o que era querer fazer o bem e só obter como resultado o mal.

Em meio a esse dilema, desejava muito poder encontrar alguém que me entendesse. Infelizmente, as pessoas só sabiam ditar-me regras de conduta: o que vestir, o que falar, o que comer... Importante como sejam essas coisas, creio não ter sido a maneira nem o momento certos para ouvi-las com tanta ênfase. Parecia-me impossível alcançar a salvação sem cumprir todas aquelas regras; o Céu estava cada vez mais e mais distante.

Com o tempo – é triste dizê-lo –, minha amizade com Jesus foi se tornando superficial. Minhas forças estavam concentradas na tentativa de ser perfeita e acabei esquecendo de amar e de me relacionar com meu Salvador. Meu semblante também se modificou; vivia triste e abatida. Minha mãe e amigos imploravam-me para que abandonasse essa religião que, segundo eles, estava roubando minha juventude e minha alegria de viver. Relutante, acabei cedendo aos convites do inimigo e abandonei a Igreja, para desapontamento de meu pai e confirmação da suspeita de alguns quanto à minha sinceridade. Mas Deus conhecia meu coração.

Nunca consegui me divertir como meus amigos, pois sabia que ali não era meu lugar. Sentia medo de sair às ruas e morrer perdida. Uma dor e uma saudade indescritíveis invadiam-me o ser. De vez em quando, ia desesperadamente visitar a igreja, com a esperança de que alguma coisa mudasse dentro de mim, e eu encontrasse novamente o prazer de estar lá. Mas, quando chegava, sempre tinha vontade de fugir daqueles olhos curiosos e, algumas vezes, acusadores. Não havia salvação para mim, eu pensava.

Felizmente, Jesus nunca pensou assim. Mesmo quando somos infiéis, Ele continua fiel. Todos os dias em que estive longe, Ele não só ficou me esperando de braços abertos, mas veio em meu resgate. Nunca cessou de mostrar-me Seu amor e de me chamar para perto de Si.

Um dia aconteceu algo muito triste com a mãe de minha melhor amiga. Surpreendentemente, ela pediu-me que orasse com ela em favor da mãe e lhe desse estudos bíblicos. Era inacreditável! Aquela que sempre criticara minhas atitudes e nunca aceitara que eu lhe falasse de Jesus, estava agora disposta a buscar ajuda divina para sua mãe.

Aquilo me deixou atônita e feliz ao mesmo tempo. Como eu, tão pecadora e distante de Cristo, poderia interceder por ela? Mesmo assim, dobramos os joelhos e pedimos perdão por nossos pecados. Senti a luz do Céu inundar as trevas de minha vida. Dali em diante, todos os dias ficávamos até tarde da noite orando e estudando a Palavra de Deus. Começamos a freqüentar regularmente a igreja e decidimo-nos pelo batismo.

Alguns ainda duvidavam de minha conversão e achavam que eu não me firmaria nos caminhos de Deus. Mas agora era diferente. Eu tinha alguém ao meu lado; alguém que entendia minhas lutas. Orávamos uma pela outra e nos animávamos mutuamente. Naquela ocasião feliz conheci meu futuro esposo, que também ajudou muito a me aproximar de Cristo.

Começamos a dar estudos bíblicos, fazer outras atividades missionárias e assumir cargos na igreja. Dessa forma, passei a ser um instrumento nas mãos de Jesus, o que fortalecia cada vez mais minha fé.

Sem fazer esforço e nem perceber, estava cumprindo todas as “normas” da igreja, que na verdade são o fruto do Espírito. Compreendi que, quando centralizamos nossa atenção em estar perto de Jesus, a obediência passa a ser natural e prazerosa; é a conseqüência de um coração transformado. No entanto, ao ser imposta uma regra de conduta, isso se torna um fardo impossível de ser carregado.

Nossos jovens não precisam ser lembrados a todo momento do que é certo e errado. Por mais que sejam inventadas desculpas para o pecado, eles sabem discernir perfeitamente entre o bem e o mal.

É preciso fazê-los se apaixonar por Jesus e ter envolvimento ativo em Sua Obra. E para isso é necessário um amparo especial por parte dos membros da igreja. Quem pensa estar um degrau acima na escada da santificação não fique atirando “pedras” nos que estão abaixo. Pelo contrário, estenda a mão e ajude os que tentam subir.

Não consideremos uma pessoa como não-convertida pelo fato de ela não conseguir ser aquilo que gostaríamos que fosse. Tentemos nos colocar no lugar dela; coloquemo-nos à sua disposição para ajudar no que for possível. Oremos uns pelos outros, e uns com os outros. Assim, todos terão prazer em pertencer à maravilhosa família cristã.

Débora Tatiane Martins Borges, pedagoga e co-autora do e-book Deus nos Uniu.

3 comentários:

Anônimo disse...

Melhor artigo publicado nesse blog.. parabéns!!

Anônimo disse...

Ótimo artigo! É confortador saber que Deus não se interessa por aquilo que já fizemos da nossa vida, mas por aquilo que podemos fazer dela a fim salvar outras almas. Que Deus desperte em nossa igreja essa consciência.

Anônimo disse...

Gloria a Jesus, verdadeiramente esse amor que Jesus sente por nós é maravilhoso, edificante esse artigo, precisamos mesmo a cada dia se aproximar de Jesus e conhecelo cada vez mais, como aconselhou pedro quando disse: "Crescei na graça e no conhecimento do Senhor Jesus"
Que Deus continue te abençoando, e fazendo de cv sempre uma bençao nas maos dEle. A paz do Senhor Jesus.