sexta-feira, dezembro 19, 2008

A verdadeira felicidade

Em 1998, eu tinha 18 anos e tudo para ser feliz. Saúde, uma família estruturada, boas condições e, o melhor, cresci na Igreja Adventista de Sétimo Dia. Na igreja, era participativa. Na época, atuava como professora da Classe de Adolescentes e também professora de inglês em um de nossos colégios. Dentro de alguns meses, iria realizar um sonho: estudar durante um ano na Inglaterra.

Mas não era feliz. Vivia meu pior momento espiritual. Minha vida era medíocre. Trabalhava de manhã, voltava para casa, dormia até a hora do jantar, depois ficava assistindo TV até às quatro da manhã. Voltava para meu quarto triste, pois sabia que minha vida tinha potencial para ser completamente diferente. Mas não conseguia sair daquele ciclo. Tentava estudar a Lição da Escola Sabatina ou ler a Bíblia, mas era tão insípido e chato. Claro, depois de horas de TV, impossível deleitar-se em leituras espirituais. Ao invés de clamar a Deus por ajuda, ficava brava com Ele, pois Ele sabia que meu coração estava se tornando duro e não fazia nada. Somente ia à igreja aos sábados e, mesmo assim, não porque tivesse vontade, mas sim para não deixar minha mãe triste. Ninguém sabia sobre minha situação, não queria que ninguém soubesse sobre meu fracasso espiritual.

Não cheguei a esse ponto do dia para a noite; houve um processo. Mas sem dúvida a falta de comunhão diária com Deus, como algo prioritário, foi crucial. Sem um relacionamento real, constante com Deus, minha vida, que tinha tanto potencial, transformou-se em um vazio infeliz e solitário, mas de alguma maneira me acomodei àquela situação.

Uma amiga me falara sobre o Congresso de Jovens Adventistas em Campos do Jordão. Fiquei animada, mas não tinha objetivo espiritual algum para ir. E por isso não obtive nada espiritualmente. Foi um dia agradável. Entretanto, aquela noite foi a mais inesperada de toda a minha vida. Na volta, o ônibus perdeu o freio e capotou. Uma tragédia. Quatorze pessoas morreram. Sobrevivi e minha vida jamais seria a mesma. O acidente deixou-me paraplégica.

Minha experiência com Deus começou a mudar no hospital. Numa determinada noite, desesperada para dormir, tive uma idéia: decidi repetir mentalmente Filipenses 4:13, o mais rápido possível. Sabe o que aconteceu? Nada! Não é assim que funciona. Respirei fundo e pensei: "Preciso de Jesus, mas não consigo falar com Ele. Preciso ir onde Ele está!" No dia seguinte, pedi uma Bíblia e comecei a ler Mateus. Eu continuava em claro durante as madrugadas, mas, ao invés de desespero, encontrei Jesus naquelas passagens tão conhecidas. Desde então, a leitura se tornou uma constante em minha vida.

Voltei para casa para uma realidade muito diferente. Parei de trabalhar e agora só saía de casa para ir ao médico, fazia fisioterapia todos os dias. Dentro de algum tempo, descobriríamos que, apesar de todos os esforços, meu caso é incurável para a medicina. Somente um milagre poderia me restabelecer.

Um ano depois, durante minha reabilitação, recebi um convite para nadar com outras pessoas com limitações físicas. Dentro de alguns meses comecei a participar de competições paradesportivas (para deficientes). Conquistei medalhas, alguns títulos brasileiros e internacionais. Durante os cinco anos seguintes, fui atleta e tive oportunidade de testemunhar para muitas pessoas sobre a santidade do sábado. Apesar de ter perdido muitas competições por causa do sábado, fui abençoada e conquistei o índice paraolímpico, graças ao qual cheguei ao nível mais alto do esporte: a Seleção Brasileira Paraolímpica de Natação.

Mesmo não tendo ido à Inglaterra, prestei a prova no Brasil e consegui o Certificado de Inglês Avançado da universidade inglesa que pretendia. Graças ao apoio da família e da minha melhor amiga, cursei a Faculdade de Turismo, deixei a natação e fui uma das primeiras a conseguir um estágio, a primeira a ser efetivada e na maior multinacional do setor. As bênçãos não pararam: recebi um convite para trabalhar como secretária executiva bilíngüe em uma multinacional norte-americana, onde estou há um ano e meio, realizada e bem-sucedida. Ganhei minha independência de volta, tenho meu carro adaptado e recentemente moro sozinha. Deus tem abençoado minha vida em todos os aspectos, tenho pessoas maravilhosas comigo, tive oportunidade de dar estudos bíblicos e quatro pessoas se batizaram. Deus é maravilhoso e com Ele aprendi:

1. O perigo da superficialidade

Se nosso relacionamento com Deus não é o que deveria ser, não é devido às circunstâncias, ao temperamento ou qualquer outra coisa. Se devemos nos esforçar para alguma coisa nesta vida, nosso esforço deve ser de comunhão com Deus diariamente, para aprofundarmos nossa experiência com Ele e com o próximo.

2. A reforma através da leitura

A leitura não é um fim em si mesma, mas é o grande trampolim que Deus usa para nos tirar do fundo do poço e nos fazer avançar em nossa vida cristã. Ela traz o conhecimento que leva a comunhão.

3. Não estar na situação mais desejada não significa ser infeliz

Todos temos sonhos e desejos não realizados. Todos temos nossas limitações. Enquanto Jesus não voltar, teremos de conviver com isso. Mas, dentro de nossas limitações, podemos crescer e ser felizes, entendendo que um milagre, um sonho realizado, seja qual for, não é fonte de felicidade. Se colocarmos nossas expectativas em sonhos e realizações, nos frustraremos. Nada aqui é perfeito ou duradouro o suficiente, pois a felicidade está em Jesus. Ele é capaz de nos dar felicidade e crescimento em todas as áreas de nossa vida, a despeito das circunstâncias indesejadas. Não desista de seu sonho; apenas não faça dele sua vida.

4. Não é preciso uma tragédia para que nossa experiência com Deus mude

Mesmo porque a dor, ao invés de nos aproximar de Deus, pode nos endurecer o coração. Conheço pessoas que acreditavam em Deus, antes de adquirir uma deficiência e agora não crêem mais. O ponto é o mesmo. Nenhum milagre, nenhuma alegria ou dor é capaz de fazer o que o relacionamento diário com Deus faz. Somente uma entrega e uma comunicação diária com Aquele que deseja nos fazer mais que vencedores podem mudar nossa experiência. Nossa vida pode ser muito melhor do que tem sido até agora, basta experimentar!

Fernanda Lima, 27 anos, bacharel em Turismo e secretária executiva bilingüe

[Testemunho publicado no blog do Michelson Borges.]

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde;

Meu nome é Eliana,e eu recebi esse texto de uma amiga mto especial minha.
Com certeza,tem mtos jovens hoje na igreja que passam pela mesma situação,que essa jovem passou na juventude dela.
Eu sou uma delas,pois há mto tempo,não tenho uma comunhão diária com Deus,não leio a Biblía,não estudo a lição,e as vezes vou na igreja só por ir.
Mas graças a Deus,tenho amigos maravilhosos,que estão sempre me ajudando,tanto em oração,como em conversa pessolamente.
E sinto a misericórdia de Deus ao meu lado.
Que esse fato aki relatado,possa servi de exemplo para nós.Para que posssamos apreder,que o nosso Deus é um Deus de milagres,que pode resgatar vc quando vc menos espera.

Um abraço.